Alguns animais tem como arma de defesa seu olfato. O veado da Caatinga e Cerrado é um desses bichos que usa a corrente de ar transportadora do "cheiro do perigo". Ao farejar a hostilidade, salta numa carreira para algum lugar distante e seguro. Mas o que ele faz se percebe que está sendo perseguido por um predador, que usa ironicamente de seu cheiro deixado em seu trajeto de fuga?
Relatos provenientes do Cerrado do Brasil, onde a caça, constitucionalmente ilegal, tem sofrido ineficiente ou nenhuma forma de coerção, testifica:
O uso de cachorro nas caçadas é conveniente do ponto de vista norteador: primeiro porque persegue a caça pelo seu faro desenvolvido; depois porque ao ganir (emitir sons característicos durante a perseguição), orienta o seu dono a respeito de suas posições atuais, o que permite a tomada de posições estratégicas, "o pulador", com própositos de tocaia do bicho.
O animal em fuga sabe que está sendo perseguido pelo cão somente por causa dos vestígios inevitáveis que ele mesmo deixa (o cheiro) e que acabam por marcar seu itinerário por entre os arbustos ou matas, e que orientam a perseguição. Sabe também, a todo instante, a posição do cachorro, pois que esse não o persegue em silêncio. Aí entra a arte de defesa, chamada pelos rurais de "engano". Assim se dá, segundo contam:
Ao se afastar do perseguidor de uma distância razoável (até um quilômetros, as vezes), e com uma estimativa do tempo que este levaria para o alcançar na marcha normal dos acontecimentos, sem perda de tempo, o veado volta por cima de seus próprios vestígios recentes por uma distância que varia entre vinte a cinquenta metros, dependendo do grau de segurança nesta operação. Após este momento crucial, o fugitivo salta em grande pulo à perpendicular, evitando ao máximo deixar seu cheiro por sob esse trajeto aéreo. Feito o pulo (dito em até três metros de comprimeto em projeção), continua sua carreira para distante do perseguidor.
O cachorro que seguia fiel farejando, chega ao local onde o engano se dera e depara com o fim dos vestígios. Caça literalmente em seu entorno (círculo menor da figura) mas não encontra mais pegadas, acabando por desistir da perseguição. Acontece ainda, que, para certificar-se de que o cão fora despistado, o veado tem o cuidado de repetir pelo menos mais uma vez o "engano", somente a partir do qual pode deitar e descansar-se em segurança.
Descanso atento, porém. Segundo acrescenta em seus causos os interioranos, "o cachorro bom de caça tira engano": ao deparar com o fim da picada, o cão, de natural experiente, já sabe como proceder para reencontrar os vestígios: investiga a área do círculo maior, e intercepta novamnete as marcas deixadas.
A essa altura, certamente, já não nos preocupamos em responder à pergunta: "instinto ou inteligência". Procupamos, sim, com com a destruição das matas do Cerrado, que encurrala a fauna e subtrai suas condições de sobrevivência. As atividades primitivas do homem roceiro, em sua simplicidade, não extinguiria uma espécie. O mesmo não podemos dizer das "queima de calvão" e das grandes pastagens.
Mas o "engano" não deixa de ser uma obra de inteligência da Natureza. - Rutinaldo
Relatos provenientes do Cerrado do Brasil, onde a caça, constitucionalmente ilegal, tem sofrido ineficiente ou nenhuma forma de coerção, testifica:
O uso de cachorro nas caçadas é conveniente do ponto de vista norteador: primeiro porque persegue a caça pelo seu faro desenvolvido; depois porque ao ganir (emitir sons característicos durante a perseguição), orienta o seu dono a respeito de suas posições atuais, o que permite a tomada de posições estratégicas, "o pulador", com própositos de tocaia do bicho.
O animal em fuga sabe que está sendo perseguido pelo cão somente por causa dos vestígios inevitáveis que ele mesmo deixa (o cheiro) e que acabam por marcar seu itinerário por entre os arbustos ou matas, e que orientam a perseguição. Sabe também, a todo instante, a posição do cachorro, pois que esse não o persegue em silêncio. Aí entra a arte de defesa, chamada pelos rurais de "engano". Assim se dá, segundo contam:
Ao se afastar do perseguidor de uma distância razoável (até um quilômetros, as vezes), e com uma estimativa do tempo que este levaria para o alcançar na marcha normal dos acontecimentos, sem perda de tempo, o veado volta por cima de seus próprios vestígios recentes por uma distância que varia entre vinte a cinquenta metros, dependendo do grau de segurança nesta operação. Após este momento crucial, o fugitivo salta em grande pulo à perpendicular, evitando ao máximo deixar seu cheiro por sob esse trajeto aéreo. Feito o pulo (dito em até três metros de comprimeto em projeção), continua sua carreira para distante do perseguidor.
O cachorro que seguia fiel farejando, chega ao local onde o engano se dera e depara com o fim dos vestígios. Caça literalmente em seu entorno (círculo menor da figura) mas não encontra mais pegadas, acabando por desistir da perseguição. Acontece ainda, que, para certificar-se de que o cão fora despistado, o veado tem o cuidado de repetir pelo menos mais uma vez o "engano", somente a partir do qual pode deitar e descansar-se em segurança.
Descanso atento, porém. Segundo acrescenta em seus causos os interioranos, "o cachorro bom de caça tira engano": ao deparar com o fim da picada, o cão, de natural experiente, já sabe como proceder para reencontrar os vestígios: investiga a área do círculo maior, e intercepta novamnete as marcas deixadas.
A essa altura, certamente, já não nos preocupamos em responder à pergunta: "instinto ou inteligência". Procupamos, sim, com com a destruição das matas do Cerrado, que encurrala a fauna e subtrai suas condições de sobrevivência. As atividades primitivas do homem roceiro, em sua simplicidade, não extinguiria uma espécie. O mesmo não podemos dizer das "queima de calvão" e das grandes pastagens.
Mas o "engano" não deixa de ser uma obra de inteligência da Natureza. - Rutinaldo
Um comentário:
É muito interessante esse seu relato sobre as estratégias de fuga do veado em relação a seu predador. Só frisando algo também interessante, o animal ao se deitar, posiciona em sentido frontal ao lugar de onde veio e fica atento a qualquer barulho que se manifesta nesta direção, no entanto, quanto ao sentido oposto, não manifesta alguma "cisma". É só mais uma característica do veado e de outros animais silvestres que vivem coagidos com a promessa de predação.
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